Há
um tempo estava querendo postar algum poema aqui no blog com o objetivo de variar um pouco um conteúdo (criticar cansa, alimentemos a mente com um pouco de cultura), mas não havia
encontrado nenhum que se parecesse comigo ou que fosse no mínimo interessante (no
meu ponto de vista, óbvio).
Assistindo
à série Divã, televisionada pela rede Globo, na terça-feira passada
(26-04-2011), ouvi um soneto de Florbela Espanca, e achei muito legal,
realmente tinha algo a mais neste soneto. De lá pra cá, não tive muito tempo ou
paciência de procurar pelo soneto e escrever algo para postar aqui, mas hoje,
como estou com um tempinho, resolvi dividir com vocês.
Lágrima Ocultas
Florbela Espanca
Se me ponho a
cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Veja também:
http://ultrajando.blogspot.com/2011/04/eu-canto-o-meu-povo-e-voce-canta-o-que.html
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