Traduza - Translate

terça-feira, 3 de maio de 2011

Lágrimas Ocultas – Florbela Espanca

Há um tempo estava querendo postar algum poema aqui no blog com o objetivo de variar um pouco um conteúdo (criticar cansa, alimentemos a mente com um pouco de cultura), mas não havia encontrado nenhum que se parecesse comigo ou que fosse no mínimo interessante (no meu ponto de vista, óbvio).
Assistindo à série Divã, televisionada pela rede Globo, na terça-feira passada (26-04-2011), ouvi um soneto de Florbela Espanca, e achei muito legal, realmente tinha algo a mais neste soneto. De lá pra cá, não tive muito tempo ou paciência de procurar pelo soneto e escrever algo para postar aqui, mas hoje, como estou com um tempinho, resolvi dividir com vocês.

Lágrima Ocultas
Florbela Espanca

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Veja também:
http://ultrajando.blogspot.com/2011/04/eu-canto-o-meu-povo-e-voce-canta-o-que.html

0 comentários:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...